O tempo da Páscoa na aldeia é um regresso à minha infância, donde vem ainda o cheiro das amêndoas que a minha mãe guardava por vários meses dentro da cristaleira, e a memória das flores amarelas e roxas que colhíamos nos campos e com que fazíamos coroas para nos enfeitarmos, durante as longas férias da Primavera.
Este ano, fomos surpreendidos por um grupo de homens e mulheres que, retomando recentemente uma das tradições mais remotas da aldeia, vieram Cantar prás Almas, cantando de porta em porta.
Este costume da região tem um forte cariz religioso ( pois vão recolhendo as esmolas para a celebração de missas pela salvação das almas do Purgatório ), mas ao mesmo tempo um traço vincadamente popular e genuíno.
Apesar da fraca qualidade técnica do vídeo, vale a pena espreitar e ouvir:
http://www.youtube.com/watch?v=iq97kvIa5NY
Nesta passagem demorada na casa, onde ninfas e elfos domésticos iam cozinhando e arrumando, trazendo e levando, senti-me verdadeiramente de férias.
Trago ainda comigo na bagagem o chilrear dos pássaros que enchiam o verde do páteo logo ao amanhecer.
E todos… tantos os mimos recebidos!…
Obrigado ao Luís Caldas pelo vídeo e ao Evaldo Barros pelas fotos.