Archive for Novembro, 2007

A Eira

Novembro 17, 2007

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Alvor da Lua nas eiras,

Nem linhos de fiandeiras,

Nem véus de noivas ou freiras,

Nem rendas das ondas do mar!…

Sobre espigas d’oiro bailam ceifeiras,

Na alegria argêntea do clarão do luar!…  

Ai medas de prata e oiro,

De lua branca e pão loiro,

Malhadas no malhadoiro,

A enfeitiçar e a fulgir! 

Oh, bailai à volta desse bom tesoiro,

Que é a côdea negra que ceais a rir!… 

Quem nas ladeiras e prados,

Com as lanças dos arados,

Abriu sulcos e valado,  

Na terra gélida e nua? 

Oh, bailai à volta desses bois deitados,  

Que estão d’olhos tristes  adorando a Lua! … (…) 

Guerra Junqueiro, Os Simples, 1891

Hoje um espaço tranquilo, onde a luz do fim da tarde convida a momentos de sernidade e paz, foi em tempos um espaço de trabalho árduo para homens, mulheres e juntas de bois;  no final das colheitas, cantava-se e dançava-se para celebrar mais um ano de celeiro cheio.

Festa de Outono

Novembro 7, 2007

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Foi um encontro de amigos, onde as memórias se tornaram tão vivas como as músicas e danças do nosso cancioneiro popular que por ali se reacenderam, acordando  sonoridades remotas desta casa. Algumas delas tão próximas das canções de trabalho que outrora se ouviam ao redor da casa, enquanto ranchos de homens e mulheres trabalhavam nos campos, ou na eira, enquanto se desfolhava o milho.  Outras de lugares mais distantes, do Minho ao Algarve, de Goa a Macau.

Ou não fossem estes amigos companheiros de Danças e Cantares por terras do Oriente…

A casa

Novembro 1, 2007

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A casa. Era do meu avô. Depois foi a casa da minha mãe, a nossa casa.  Agora é a minha casa.  O blogue casadatina surge depois da reconstrução desta casa rural centenária, outrora uma casa agrícola. Pela necessidade de partilhar o que de melhor lá acontece com todos os amigos e conhecidos que por lá passam uns dias a disfrutar da tranquilidade desta pequena quinta.  Sendo uma casa rural de construção em terra da arquitectura tradicional, facilmente nos deixamos seduzir pelos ninhos de pardal nos buracos rústicos dos adobes de barro, pela água refrescante que corre no tanque nos dias quentes ou pelas cores e aromas da eira sobre o pomar, no outono.    Pretendo desta forma divulgar aqui as vivências mais importantes da casa bem como os detalhes que nos surpreendem e acordam memórias antigas: contadores de histórias à volta da lareira, as tardes na cozinha do forno a fazer compotas  trazendo de volta à casa o cheiro de outras gerações passadas e ainda a redescoberta de textos e poemas de autores portugueses.  Este blogue será construído com imagens do dia a dia da casa que me apeteça partilhar e textos que se espera avivem na nossa memória algumas tradições da nossa  cultura; mas não terá qualquer compromisso de regularidade.