Alvor da Lua nas eiras,
Nem linhos de fiandeiras,
Nem véus de noivas ou freiras,
Nem rendas das ondas do mar!…
Sobre espigas d’oiro bailam ceifeiras,
Na alegria argêntea do clarão do luar!…
Ai medas de prata e oiro,
De lua branca e pão loiro,
Malhadas no malhadoiro,
A enfeitiçar e a fulgir!
Oh, bailai à volta desse bom tesoiro,
Que é a côdea negra que ceais a rir!…
Quem nas ladeiras e prados,
Com as lanças dos arados,
Abriu sulcos e valado,
Na terra gélida e nua?
Oh, bailai à volta desses bois deitados,
Que estão d’olhos tristes adorando a Lua! … (…)
Guerra Junqueiro, Os Simples, 1891
Hoje um espaço tranquilo, onde a luz do fim da tarde convida a momentos de sernidade e paz, foi em tempos um espaço de trabalho árduo para homens, mulheres e juntas de bois; no final das colheitas, cantava-se e dançava-se para celebrar mais um ano de celeiro cheio.